sábado, 23 de abril de 2011

Páscoa 2011 - Sábado santo - Véspera de páscoa

Pessoal, o blog Emanuel Luiz Filmes postou na quinta feira santa e na sexta feira santa o evangelho de Mateus, hoje o blog vai mostrar o evangelho de Lucas sobre o sofrimento de Cristo.
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21

A verdadeira atitude religiosa -* 1 Erguendo os olhos, Jesus viu pessoas ricas que depositavam ofertas no Tesouro do Templo. 2 Viu também uma viúva pobre que depositou duas pequenas moedas. 3 Então disse: «Eu garanto a vocês: essa viúva pobre depositou mais do que todos. 4 Pois todos os outros depositaram do que estava sobrando para eles. Mas a viúva, na sua pobreza, depositou tudo o que possuía para viver.»
O fim ainda não chegou -* 5 Algumas pessoas comentavam sobre o Templo, enfeitado com pedras bonitas e com coisas dadas em promessa. Então Jesus disse: 6 «Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.» 7 Eles perguntaram: «Mestre, quando vai acontecer isso?
Qual será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?» 8 Jesus respondeu: «Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo já chegou’. Não sigam essa gente. 9 Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. Primeiro essas coisas devem acontecer, mas não será logo o fim.» 10 E Jesus continuou: «Uma nação lutará contra outra, um reino contra outro reino. 11 Haverá grandes terremotos, fome e pestes em vários lugares. Vão acontecer coisas pavorosas e grandes sinais vindos do céu.»
A coragem do testemunho -* 12 «Mas, antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e perseguidos; entregarão vocês às sinagogas, e serão lançados na prisão; serão levados diante de reis e governadores, por causa do meu nome. 13 Isso acontecerá para que vocês dêem testemunho. 14 Portanto, tirem da cabeça a idéia de que vocês devem planejar com antecedência a própria defesa; 15 porque eu lhes darei palavras de sabedoria, de tal modo que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater vocês. 16 E vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vocês. 17 Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome. 18 Mas não perderão um só fio de cabelo. 19 É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!»
Fim da separação -* 20 «Quando vocês virem Jerusalém cercada de acampamentos, fiquem sabendo que a destruição dela está próxima. 21 Então, os que estiverem na Judéia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. 22 Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. 23 Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando nesses dias, pois haverá uma grande desgraça nessa terra e uma ira contra esse povo. 24 Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos pagãos, até que o tempo dos pagãos se complete.»
A história e o fim dos tempos -* 25 «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E na terra, as nações cairão no desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. 26 Os homens desmaiarão de medo e ansiedade, pelo que vai acontecer ao universo, porque os poderes do espaço ficarão abalados. 27 Então eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem, com poder e grande glória. 28 Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima.»
Estejam atentos -* 29 E Jesus contou uma parábola: «Olhem a figueira e todas as árvores. 30 Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está perto. 31 Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto. 32 Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer, antes que passe esta geração. 33 O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. 34 Tomem cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vocês. 35 Pois esse dia cairá, como armadilha, sobre todos aqueles que habitam a face de toda a terra. 36 Fiquem atentos, e rezem todo o tempo, a fim de terem força para escapar de tudo o que deve acontecer, e para ficarem de pé diante do Filho do Homem.»
37 De dia, Jesus ensinava no Templo. Ao anoitecer, ele saía, e passava a noite no chamado monte das Oliveiras. 38 De manhã cedo, todo o povo ia ao Templo para ouvi-lo.

* 21,1-4: Enquanto os doutores da Lei exploram as viúvas e roubam suas casas, uma viúva pobre deposita no Tesouro do Templo tudo o que possui para viver. Ao elogiá-la, Jesus mostra que numa sociedade que acredita em Deus, vigoram não relações econômicas baseadas no supérfluo, mas relações de doação total, que não se prendem a seguranças pessoais.

* 5-11: Cf. nota em Mc 13,1-8.

* 12-19: A relação entre Deus e os homens continua através dos discípulos, que devem prosseguir a missão de Jesus pelo testemunho. Contudo, assim como Jesus encontrou resistência, também eles: serão perseguidos, presos, torturados, julgados e até mesmo mortos por continuarem a ação de Jesus. Mas não devem ficar preocupados com a própria defesa. O importante é a coragem de permanecer firmes até o fim.

* 20-24: Lucas descreve a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Esse acontecimento marca o final da história do povo da Antiga Aliança. Daí para a frente não há mais separação entre judeus e pagãos: o povo de Deus da Nova Aliança será construído por pessoas vindas de todos os povos da terra.

* 25-28: Cf. nota em Mc 13,24-27.

* 29-38: Tarefa urgente do discípulo é testemunhar sem esmorecer, continuando a ação de Jesus. A espera da plena manifestação de Jesus e do mundo novo, por ele prometido, impede que o discípulo se instale na situação presente; e por outro lado, evita que o discípulo desanime, achando que o projeto de Jesus é difícil, distante e inviável.

22

MORTE E VITÓRIA DE JESUS
O confronto com Satanás -* 1 Estava próxima a festa dos Ázimos, que se chamava Páscoa. 2 Os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei procuravam maneira de acabar com Jesus, pois tinham medo do povo.
3 Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos Doze. 4 Então ele saiu, e foi tratar com os chefes dos sacerdotes e com os oficiais da guarda do Templo, sobre a maneira de entregar Jesus. 5 Eles ficaram alegres, e combinaram dar-lhe dinheiro. 6 Judas concordou, e começou a procurar uma boa oportunidade para entregar Jesus, sem que o povo ficasse sabendo.
A lembrança da libertação -* 7 Chegou o dia dos Ázimos, em que se matavam os cordeiros para a Páscoa. 8 Jesus mandou Pedro e João, dizendo: «Vão, e preparem tudo para comermos a Páscoa.» 9 Eles perguntaram: «Onde queres que a preparemos?» 10 Jesus respondeu: «Quando vocês entrarem na cidade, um homem carregando um jarro de água virá ao encontro de vocês. Sigam a ele até a casa onde ele entrar, 11 e digam ao dono da casa: «O Mestre manda dizer: ‘Onde é a sala em que eu e os meus discípulos vamos comer a Páscoa?’ 12 Então ele mostrará para vocês, no andar de cima, uma sala grande, arrumada com almofadas. Preparem tudo aí.» 13 Os discípulos foram, e encontraram tudo como Jesus havia dito. E prepararam a Páscoa.
A instituição da Eucaristia -* 14 Quando chegou a hora, Jesus se pôs à mesa com os apóstolos. 15 E disse: «Desejei muito comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer. 16 Pois eu lhes digo: nunca mais a comerei, até que ela se realize no Reino de Deus.» 17 Então Jesus pegou o cálice, agradeceu a Deus, e disse: «Tomem isto, e repartam entre vocês; 18 pois eu lhes digo que nunca mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus.»
19 A seguir, Jesus tomou um pão, agradeceu a Deus, o partiu e distribuiu a eles, dizendo: «Isto é o meu corpo, que é dado por vocês. Façam isto em memória de mim.» 20 Depois da ceia, Jesus fez o mesmo com o cálice, dizendo: «Este cálice é a nova aliança do meu sangue, que é derramado por vocês.
21 Mas vejam: a mão do homem que me atraiçoa está se servindo comigo, nesta mesa. 22 Sim, o Filho do Homem vai morrer, conforme Deus determinou, mas ai daquele homem que o está traindo!» 23 Então os apóstolos começaram a perguntar uns aos outros qual deles iria fazer tal coisa.
Autoridade é serviço -* 24 Entre eles houve também uma discussão sobre qual deles deveria ser considerado o maior. 25 Jesus, porém, disse: «Os reis das nações têm poder sobre elas, e os que sobre elas exercem autoridade, são chamados benfeitores. 26 Mas entre vocês não deverá ser assim. Pelo contrário, o maior entre vocês seja como o mais novo; e quem governa, seja como aquele que serve. 27 Afinal, quem é o maior: aquele que está sentado à mesa, ou aquele que está servindo? Não é aquele que está sentado à mesa? Eu, porém, estou no meio de vocês como quem está servindo. 28 Vocês ficaram comigo em minhas provações. 29 Por isso, assim como o meu Pai confiou o Reino a mim, eu também confio o Reino a vocês. 30 E vocês hão de comer e beber à minha mesa no meu Reino, e sentar-se em tronos para julgar as doze tribos de Israel.»
A missão de Pedro -* 31 «Simão, Simão! Olhe que Satanás pediu permissão para peneirar vocês como trigo. 32 Eu, porém, rezei por você, para que a sua fé não desfaleça. E você, quando tiver voltado para mim, fortaleça os seus irmãos.» 33 Mas Simão falou: «Senhor, contigo estou pronto para ir até mesmo para a prisão e para a morte!» 34 Jesus, porém, respondeu: «Pedro, eu lhe digo que hoje, antes que o galo cante, três vezes você negará que me conhece.»
A hora do combate -* 35 Jesus perguntou aos apóstolos: «Quando eu enviei vocês sem bolsa, sem sacola, sem sandálias, faltou alguma coisa para vocês?» Eles responderam: «Nada.» 36 Jesus continuou: «Agora, porém, quem tiver bolsa, deve pegá-la, como também uma sacola; e quem não tiver espada, venda o manto para comprar uma. 37 Porque eu lhes declaro: é preciso que se cumpra em mim a palavra da Escritura: ‘Ele foi incluído entre os fora-da-lei’. E o que foi dito a meu respeito, vai realizar-se.» 38 Eles disseram: «Senhor, aqui estão duas espadas.» Jesus respondeu: «É o bastante!»
Jesus obedece ao Pai -* 39 Jesus saiu e, como de costume, foi para o monte das Oliveiras. Os discípulos o acompanharam. 40 Chegando ao lugar, Jesus disse para eles: «Rezem para não caírem na tentação.» 41 Então, afastou-se uns trinta metros e, de joelhos, começou a rezar: 42 «Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua!» 43 Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. 44 Tomado de angústia, Jesus rezava com mais insistência. Seu suor se tornou como gotas de sangue, que caíam no chão. 45 Levantando-se da oração, Jesus foi para junto dos discípulos, e os encontrou dormindo, vencidos pela tristeza. 46 E perguntou-lhes: «Por que vocês estão dormindo? Levantem-se e rezem, para não caírem na tentação.»
A hora do poder das trevas -* 47 Enquanto Jesus ainda falava, chegou uma multidão. Na frente vinha o chamado Judas, um dos Doze. Ele se aproximou de Jesus, e o saudou com um beijo. 48 Jesus disse: «Judas, com um beijo você trai o Filho do Homem?» 49 Vendo o que ia acontecer, os que estavam com Jesus disseram: «Senhor, vamos atacar com a espada?» 50 E um deles feriu o empregado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. 51 Mas Jesus ordenou: «Parem com isso!» E tocando a orelha do homem, o curou. 52 Depois Jesus disse aos chefes dos sacerdotes, aos oficiais da guarda do Templo e aos anciãos, que tinham ido para prendê-lo: «Vocês saíram com espadas e paus, como se eu fosse um bandido? 53 Todos os dias eu estava com vocês no Templo, e nunca puseram a mão em mim. Mas esta é a hora de vocês e do poder das trevas.»
Pedro cai na tentação -* 54 Eles prenderam e levaram Jesus, e o conduziram à casa do sumo sacerdote. Pedro seguia Jesus de longe. 55 Acenderam uma fogueira no meio do pátio, e sentaram-se ao redor. Pedro sentou-se no meio deles. 56 Ora, uma criada viu Pedro sentado perto do fogo. Encarou-o bem, e disse: «Este aqui também estava com Jesus!» 57 Mas Pedro negou: «Mulher, eu nem o conheço.» 58 Pouco depois, outro viu Pedro, e disse: «Você também é um deles.» Mas Pedro respondeu: «Homem, não sou, não.» 59 Passou mais ou menos uma hora, e outro insistia: «De fato este aqui também estava com Jesus, porque é galileu.» 60 Mas Pedro respondeu: «Homem, não sei do que você está falando!» Nesse momento, enquanto Pedro ainda falava, um galo cantou. 61 Então o Senhor se voltou, e olhou para Pedro. E Pedro se lembrou de que o Senhor lhe havia dito: «Hoje, antes que o galo cante, você me negará três vezes.» 62 Então Pedro saiu para fora, e chorou amargamente. 63 Os guardas caçoavam de Jesus e o espancavam. 64 Cobriam-lhe o rosto, e diziam: «Faze uma profecia! Quem foi que te bateu?» 65 E o insultavam de muitos outros modos.
Quem é Jesus? -* 66 Ao amanhecer, os anciãos do povo, os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei se reuniram em conselho, e levaram Jesus para o Sinédrio. 67 E começaram: «Se tu és o Messias, dize-nos!» Jesus respondeu: «Se eu disser, vocês não acreditarão, 68 e, se eu lhes fizer perguntas, não me responderão. 69 Mas de agora em diante, o Filho do Homem estará sentado à direita do Deus Todo-poderoso.» 70 Então todos perguntaram: «Tu és, portanto, o Filho de Deus?» Jesus respondeu: «Vocês estão dizendo que eu sou.» 71 Eles disseram: «Que necessidade temos ainda de testemunho? Nós mesmos ouvimos de sua própria boca!»

* 22,1-6: Em 4,13 Lucas diz que «o diabo se afastou de Jesus, para voltar no tempo oportuno». Esse tempo chegou. As autoridades e Judas tornam-se instrumentos de Satanás para levar Jesus à morte. É a hora do grande confronto entre Jesus e o mal que domina homens e estruturas.

* 7-13: Cf. nota em Mc 14,12-21.

* 14-23: A última Páscoa celebrada por Jesus indica o sentido da sua morte: ele se entrega totalmente (corpo, sangue) em favor dos homens. Trata-se de gesto supremo de amor que liberta os homens de uma vida marcada pelo mal do egoísmo; só assim se constrói a Nova Aliança, que produz a sociedade fundada no dom de si para o bem de todos.

* 24-30: A Eucaristia torna-se momento de catequese para a comunidade dos que seguem a Jesus. Nessa comunidade, a autoridade não significa poder sobre os irmãos, mas função de serviço, a exemplo de Jesus. É somente através do serviço fraterno que os seguidores de Jesus participam de sua autoridade como Rei e Juiz.

* 31-34: Satanás tenta conquistar inclusive os discípulos de Jesus; e Pedro chegará a negar três vezes o Mestre. Somente a intercessão de Jesus faz com que ele não perca completamente a fé e assuma corajosamente a própria missão.

* 35-38: A morte de Jesus inaugura o combate decisivo dentro da história, e os seguidores de Jesus devem estar preparados para enfrentá-lo. Na primeira missão (cf. Lc 10,4-7), nada faltou aos discípulos. Agora, porém, é hora de luta (espada), e cada um deve prover o seu próprio sustento e enfrentar todas as forças que impedem a concretização do Reino.

* 39-46: É o momento da grande tentação e da decisão definitiva. Diante das conseqüências de toda a sua vida e ação, Jesus deve escolher entre obedecer à vontade do Pai ou submeter-se ao poder das trevas (cf. Lc 22,53). A oração é a união com Deus que ajuda o homem a manter-se consciente e fiel ao compromisso até o fim.

* 47-53: Um dos discípulos se alia ao poder repressivo das autoridades e trai Jesus com um gesto de amizade. Um dos presentes tenta defender Jesus com a mesma arma dos opressores. Aquele que realiza o projeto de Deus e atrai o povo é considerado pelos poderosos como bandido perigoso. Mas eles não têm coragem de prender Jesus à luz do dia.

* 54-65: Enquanto Jesus é preso e conduzido à presença das autoridades, Pedro não tem coragem de confessar que é discípulo de Jesus diante de pessoas simples e inofensivas.

* 66-71: O julgamento diante do Sinédrio mostra quem é Jesus. Ele é o Messias, aquele que vem implantar o reino da justiça. É o Filho do Homem, que vem para julgar os projetos do homem na história e reunir o povo para viver o projeto de Deus. Mais ainda: Jesus é o Filho de Deus, que reúne os homens para formar a grande família em torno do Pai. As autoridades, porém, não aceitam Jesus, nem a sua missão, porque aceitá-lo significaria ser julgado por ele.

23

Acusações contra Jesus -* 1 Em seguida, toda a assembléia se levantou, e levaram Jesus a Pilatos. 2 Começaram a acusação, dizendo: «Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar tributo ao imperador, e afirmando ser ele mesmo o Messias, o Rei.» 3 Pilatos interrogou a Jesus: «Tu és o rei dos judeus?» Jesus respondeu, declarando: «É você quem está dizendo isso!» 4 Então Pilatos disse aos chefes dos sacerdotes e à multidão: «Não encontro nesse homem nenhum motivo de condenação.» 5 Eles, porém, insistiam: «Ele está provocando revolta entre o povo, com seu ensinamento. Começou na Galiléia, passou por toda a Judéia, e agora chegou aqui.»
O silêncio de Jesus -* 6 Quando ouviu isso, Pilatos perguntou se Jesus era galileu. 7 Ao saber que Jesus estava sob a jurisdição de Herodes, Pilatos o mandou a este, pois também Herodes estava em Jerusalém nesses dias. 8 Herodes ficou muito contente ao ver Jesus, pois já ouvira falar a respeito dele, e há muito tempo desejava vê-lo. Esperava ver Jesus fazendo algum milagre. 9 Herodes o interrogou com muitas perguntas. Jesus, porém, não respondeu nada.
10 Entretanto, os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei estavam presentes, e faziam violentas acusações contra Jesus. 11 Herodes e seus soldados trataram Jesus com desprezo, caçoaram dele, e o vestiram com uma roupa brilhante. E o mandaram de volta a Pilatos. 12 Nesse dia, Herodes e Pilatos ficaram amigos, pois antes eram inimigos.
Jesus é um homem perigoso -* 13 Então Pilatos convocou os chefes dos sacerdotes, os chefes e o povo, e lhes disse: 14 «Vocês trouxeram este homem como se fosse um agitador do povo. Pois bem! Eu já o interroguei diante de vocês, e não encontrei nele nenhum dos crimes de que vocês o estão acusando. 15 Herodes também não encontrou, pois mandou Jesus de volta para nós. Como podem ver, ele não fez nada para merecer a morte. 16 Portanto, vou castigá-lo, e depois o soltarei.» 17 Ora, em cada festa de Páscoa, Pilatos devia soltar um prisioneiro para eles. 18 Toda a multidão começou a gritar: «Mate esse homem! Solte-nos Barrabás!» 19 Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade, e por homicídio. 20 Pilatos queria libertar Jesus, e falou outra vez à multidão. 21 Mas eles gritavam: «Crucifique! Crucifique!» 22 E Pilatos falou pela terceira vez: «Mas que mal fez esse homem? Não encontrei nele nenhum crime que mereça a morte. Portanto, vou castigá-lo, e depois o soltarei.» 23 Mas eles continuaram a gritar com toda a força, pedindo que Jesus fosse crucificado. E a gritaria deles aumentava cada vez mais. 24 Então Pilatos pronunciou a sentença: que fosse feito o que eles pediam. 25 Soltou o homem que eles queriam, aquele que tinha sido preso por revolta e homicídio, e entregou Jesus à vontade deles.
Chorar por Jesus? -* 26 Enquanto levavam Jesus para ser crucificado, pegaram certo Simão, da cidade de Cirene, que voltava do campo, e o forçaram a carregar a cruz atrás de Jesus. 27 Uma grande multidão do povo o seguia. E mulheres batiam no peito, e choravam por Jesus. 28 Jesus, porém, voltou-se, e disse: «Mulheres de Jerusalém, não chorem por mim! Chorem por vocês mesmas e por seus filhos! 29 Porque dias virão, em que se dirá: ‘Felizes das mulheres que nunca tiveram filhos, dos ventres que nunca deram à luz e dos seios que nunca amamentaram.’ 30 Então começarão a pedir às montanhas: ‘Caiam em cima de nós!’ E às colinas: ‘Escondam-nos!’ 31 Porque, se assim fazem com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?» 32 Levavam também outros dois criminosos, junto com ele, para serem mortos.
A realeza que dá a vida -* 33 Quando chegaram ao chamado «lugar da Caveira», aí crucificaram Jesus e os criminosos, um à sua direita e outro à sua esquerda. 34 E Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que estão fazendo!» Depois repartiram a roupa de Jesus, fazendo sorteio. 35 O povo permanecia aí, olhando. Os chefes, porém, zombavam de Jesus, dizendo: «A outros ele salvou. Que salve a si mesmo, se é de fato o Messias de Deus, o Escolhido!» 36 Os soldados também caçoavam dele. Aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre, 37 e diziam: «Se tu és o rei dos judeus, salva a ti mesmo!» 38 Acima dele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus.»
Lembra-te de nós! -* 39 Um dos criminosos crucificados o insultava, dizendo: «Não és tu o Messias? Salva a ti mesmo e a nós também!» 40 Mas o outro o repreendeu, dizendo: «Nem você teme a Deus, sofrendo a mesma condenação? 41 Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal.» 42 E acrescentou: «Jesus, lembra-te de mim, quando vieres em teu Reino.» 43 Jesus respondeu: «Eu lhe garanto: hoje mesmo você estará comigo no Paraíso.»
A morte do justo -* 44 Já era mais ou menos meio-dia, e uma escuridão cobriu toda a região até às três horas da tarde, 45 pois o sol parou de brilhar. A cortina do santuário rasgou-se pelo meio. 46 Então Jesus deu um forte grito: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.» Dizendo isso, expirou. 47 O oficial do exército viu o que tinha acontecido, e glorificou a Deus, dizendo: «De fato! Esse homem era justo!» 48 E todas as multidões que estavam aí, e que tinham vindo para assistir, viram o que havia acontecido, e voltaram para casa, batendo no peito. 49 Todos os conhecidos de Jesus, assim como as mulheres que o acompanhavam desde a Galiléia, ficaram à distância, olhando essas coisas.
Fim do caminho? -* 50 Havia um homem bom e justo, chamado José. Era membro do Conselho, 51 mas não tinha aprovado a decisão, nem a ação dos outros membros. Ele era de Arimatéia, cidade da Judéia, e esperava a vinda do reino de Deus. 52 José foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus. 53 Desceu o corpo da cruz, o enrolou num lençol, e o colocou num túmulo escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado. 54 Era o dia da preparação da Páscoa, e o sábado já estava começando. 55 As mulheres, que tinham ido com Jesus desde a Galiléia, foram com José para ver o túmulo, e como o corpo de Jesus tinha sido colocado. 56 Depois voltaram para casa, e prepararam perfumes e bálsamos. E no sábado elas descansaram, conforme ordenava a Lei.

* 23,1-5: As autoridades querem a morte de Jesus, e o apresentam ao governador romano com três acusações que caracterizam toda a atividade de Jesus como uma grande subversão («subversão entre o povo»): em nível econômico (proíbe pagar o tributo), em nível político (afirma ser rei), e em nível ideológico (ensinamento que provoca revolta). Pilatos, porém, declara a inocência de Jesus.

* 6-12: As divergências entre Pilatos e Herodes são sanadas, porque Pilatos resolveu respeitar a jurisdição de Herodes. Percebendo que é mero objeto de curiosidade, Jesus permanece calado.

* 13-25: Tanto Herodes como Pilatos parecem desconhecer o alcance e as conseqüências políticas, econômicas e sociais do projeto de Jesus (23,4.14.15.22), cujo ensinamento religioso representa um perigo para os privilégios das autoridades. Perigo muito maior do que Barrabás, conhecido guerrilheiro subversivo.

* 26-32: Simão Cirineu é o símbolo do verdadeiro discípulo de Jesus (cf. Lc 9,23). - Jesus serviu o projeto de Deus até o fim. Não é por sua morte que devemos chorar. É preciso chorar diante das conseqüências acarretadas pela rejeição do projeto de Deus.

* 33-38: Jesus é crucificado como criminoso, entre criminosos. Por entre a curiosidade do povo e a caçoada dos chefes e soldados ecoa a palavra de perdão: os responsáveis pela morte de Jesus devem ser perdoados, porque não conhecem a gravidade e as conseqüências do próprio gesto. O letreiro da cruz, indicando a causa da condenação, proclama para todos a chegada da realeza que dá a vida.

* 39-43: No momento em que tudo parece perdido, Jesus se mostra portador da salvação. Ele anunciou a salvação aos pecadores, durante a sua vida; agora, na cruz, a oferece ao criminoso. Jesus não está sozinho na cruz. Acompanham-no todos aqueles que são condenados por uma sociedade que não aceita o projeto de Deus e que clamam: «Lembra-te de nós!»

* 44-49: O ponto mais alto do terceiro Evangelho está nestas palavras de Jesus na cruz: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito». A morte de Jesus é a sua libertação nas mãos de Deus. Ela aparece como conseqüência da sua vida e atividade, voltadas para os pobres e oprimidos, provocando a violência do sistema baseado na riqueza e no poder. Essa morte é também libertação, conseqüência da obediência total e confiante a Deus. Além disso provoca a manifestação da verdade: o povo se arrepende e um pagão proclama a inocência de Jesus.

* 50-56: O corpo de Jesus é encerrado num túmulo. Aparentemente, a história acabou e o sistema que condenou Jesus pode ficar tranqüilo. Mas as mulheres se preparam: alguma coisa vai acontecer...

Fonte: Lucas Cap 1 até o 23.
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